Sunday, May 4, 2008

Da imprensa

Campanha do Banco Alimentar: «Alimente esta ideia»
Isabel Jonet alerta para fenómeno de «nova pobreza»

Durante este fim-de-semana, 3 e 4 de Maio, sai à rua nova campanha do Banco Alimentar Contra a Fome. Nos estabelecimentos comerciais das zonas de Lisboa, Porto e Braga, Coimbra, Évora e Beja, Aveiro, Abrantes, S. Miguel, Setúbal, Cova da Beira, Leiria-Fátima, Oeste, Algarve e Portalegre os portugueses vão ser convidados a “Alimentar esta ideia”.

As campanhas destinam-se à recolha de alimentos que por sua vez vão ser distribuídos por 1542 instituições e alimentar 232 mil pessoas.


Nas campanhas são privilegiados os produtos não perecíveis, tais como leite, conservas, azeite, açúcar, farinha, bolachas, massas, óleo.


Isabel Jonet, Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, explica à Agência ECCLESIA que as campanhas servem também para interpelar o público para a sua possibilidade e capacidade de partilharem com as pessoas mais carenciadas da sua região os alimentos.


“A alimentação tem um valor incomparável com todos os restantes bens de consumo pois sem alimentação morre”, destaca a Presidente”, explica, diferenciando os alimentos de outros bens de consumo”.


Mas a campanha do Banco Alimentar Contra a Fome representam também a maior acção de voluntariado organizado em Portugal. Uma actividade que envolve os 13 Bancos existentes no país – Porto, Aveiro, Cova da Beira, Coimbra, Abrantes, Leiria-Fátima, Oeste, Portalegre, Lisboa, Setúbal, Évora, Algarve, São Miguel -, mobiliza cerca de 17 mil e 700 pessoas que querem dar o seu tempo por uma causa que acreditam e com a qual se identificam.


Isabel Jonet sublinha a generosidade dos portugueses. A adesão às campanhas, apesar da crise, “tem sido muito boa”. Uma generosidade compreendida tanto na partilha alimentar como na disponibilidade voluntária.


Pobreza crescente

Os produtos que o Banco Alimentar recolhe não são suficientes para as necessidades actuais – a ajuda prestada estende-se a 1542 instituições, mas contam com muitos pedidos em lista de espera.


“Muitas são as pessoas carenciadas”, dá conta Isabel Jonet, consequência dos factores da crescente inflação, baixas pensões de reforma aliados ao fenómeno de “nova pobreza”.


São muitas as pessoas que trabalham mas que não conseguem com os seus rendimentos satisfazer as necessidades do agregado familiar. “Chegam a meio do mês e não têm o que comer”.


Duas vezes por ano a campanha do Banco Alimentar sai à rua para alimentar uma actividade que se desenvolve ao longo de todo o ano, “porque as pessoas têm de comer todos os dias”, acrescenta a Presidente do Banco Alimentar.


Através do auxílio às instituições, o Banco Alimentar Contra a Fome presta ajuda a cerca de 232 mil pessoas comprovadamente necessitadas, mas sem criar dependências.


Este é um factor que “distingue a nossa acção”. Isabel Jonet aponta o desejo de as próprias pessoas mudarem de vida e sejam autónomas.


A lógica do assistencialismo pode criar “perversões”, tirando as pessoas do mercado de trabalho. “Os alimentos têm de servir também a auto estima das pessoas e servem para ultrapassar o que poder ser apenas um mau momento na vida”.


Dinâmica da sociedade civil

A acção do Banco Alimentar põe em evidência o poder que a sociedade civil tem de substituir, com vantagem ao Estado, e participar na resolução de alguns dos problemas com que se confrontam as sociedades modernas.


Isabel Jonet foca que ao Estado compete delinear estratégias e as definições de políticas, ao mesmo tempo que deve potenciar o trabalho da sociedade civil. Esta “está mais próxima dos problemas e torna-se mais eficaz na resolução dos problemas”, adianta, promovendo respostas “próximas, individuais e específicas para cada problema”.


Outras campanhas

Em simultâneo com o modelo tradicional de recolha de alimentos, vai ainda decorrer até 11 de Maio a campanha "Ajuda Vale", presente em todas as lojas das cadeias Dia⁄Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo⁄Pão de Açúcar, Lidl, Modelo⁄Continente, Pingo Doce e Feira Nova.


Também na rede de lojas Payshop, 3300 lojas espalhadas por todo o país, é possível contribuir para esta campanha, fazendo uma doação em dinheiro que será convertida em leite e dará lugar à emissão de recibo.

1 comment:

cecilia.folgado@gmail.com said...

Quando paramos para pensar impressiona. Afinal todos nós damos por garantido o jantar, o almoço...